O Sindicato dos Médicos encaminhou ofício, nesta quarta-feira (13), a Secretária de Saúde do Município de Tianguá, Flávia Araújo Cardoso Procópio, a direção da Steto Consultoria e Servicos Medicos Ltda e ao Instituto de Estudos e Pesquisas Humaniza, solicitando esclarecimentos acerca do atraso salarial dos médicos plantonistas que atuam na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Tianguá.
No dia 21 de novembro, a entidade oficiou a Secretaria de Saúde de Tianguá, informando que os médicos plantonistas da referida UPA enfrentavam circunstâncias desafiadoras que comprometiam não apenas a qualidade do serviço prestado, mas, sobretudo, a sua dignidade e o seu bem-estar, porém não obteve resposta.
A entidade reforça que até ao momento, os médicos não receberam seus honorários correspondentes ao serviço prestado, contabilizando dois meses de atraso no dia 15 de dezembro. Tal situação, associada à ausência de qualquer previsão de pagamento, resulta em um quadro de insegurança financeira, afetando diretamente a estabilidade econômica e o comprometimento profissional dos médicos envolvidos.
O Sindicato destaca que a gestão da UPA é conduzida pela empresa Humaniza, responsável pelo repasse dos pagamentos aos profissionais médicos por meio da pessoa jurídica Steto. A entidade constatou que os demais funcionários de outras categorias que laboram na UPA recebem seus salários, embora sujeitos a atrasos consideráveis de 20 a 30 dias. Diante disso, a justificativa apresentada pela empresa reside na falta de repasse financeiro por parte da prefeitura, portanto, trata-se de uma situação preocupante e merece uma análise minuciosa e imediata.
“É absolutamente desumano e constrangedor submeter esses profissionais a tais condições. Essa é uma situação precária que compromete a qualidade do atendimento oferecido à comunidade”, afirma Dr. Leonardo Alcântara, presidente do Sindicato dos Médicos.
A entidade ressalta que os médicos plantonistas, além das dificuldades relacionadas ao atraso salarial, enfrentam, quase que semanalmente, situações ameaçadoras à sua segurança física, juntamente com episódios recorrentes de assédio moral e verbal. Há total falta de segurança na unidade, onde múltiplas vezes pacientes agressivos chegaram a quebrar parte de sua estrutura.
Falta de insumos e condições insalubres
Há relatos de falta recorrente de insumos básicos em alguns plantões, o que agrava ainda mais a situação, comprometendo a eficácia dos serviços prestados pela UPA. Diante desse contexto, instaurou-se um clima de exaustão e isolamento entre os profissionais médicos, que, compreensivelmente, cogitam abandonar a escala de plantão, acarretando potenciais impactos negativos na continuidade e qualidade do serviço de saúde local.
Além disso, há de forma demasiada situações impróprias para o contexto de emergência e urgência que caracteriza uma UPA, haja vista a imposição de atendimento de atenção primária, tais como lavagem de ouvido, extração de unha, drenagem de abscesso, entre outros, que atrapalham o fluxo e desfocando dos casos graves que vem à unidade.
Vale ressaltar também que os médicos estão em condições bastante insalubres. O aparelho de condicionador de ar do repouso médico está quebrado há mais de seis meses.
Diante do exposto, a entidade solicita esclarecimento e a intervenção urgente da Secretaria de Saúde, da Steto Consultoria e do Instituto Humaniza para fornecer informações detalhadas acerca de quais medidas serão adotadas para regularização dos salários dos profissionais médicos no prazo de 24 horas, a contar do recebimento do ofício, bem como para o estabelecimento de medidas que assegurem a integridade e a dignidade de todos os profissionais durante o exercício de suas funções na UPA de Tianguá, sob pena de ser necessário a adoção de outras medidas que se fizerem necessárias.
O Sindicato dos Médicos do Ceará reforça seu compromisso com a categoria a fim de solucionar a problemática e se coloca à disposição para colaborar em quaisquer esclarecimentos adicionais que se façam necessários.
Foto: Ibiapaba 24 horas
Fonte: Comunicação do Sindicato dos Médicos do Ceará