Na última sexta-feira (27), o Sindicato dos Médicos oficiou o Secretário de Saúde de Fortaleza, Dr. Galeno Taumaturgo Lopes, e a direção da Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina (SPDM), solicitando medidas urgentes para a situação precária que o Hospital Nossa Senhora da Conceição vem enfrentando diante da reforma na unidade que já perdura por quase um ano.
A emergência do Hospital Nossa Senhora da Conceição se encontra em processo de reestruturação e reforma. Nesse período, o corpo médico do hospital tem enfrentado muitos desafios para prestar assistência médica apropriada à população, o que necessita de atenção por parte dos órgãos gestores.
A entidade ressalta que há uma notória discrepância entre o número de médicos e a demanda por atendimento emergencial na unidade. Atentando aos aspectos relativos à composição do efetivo médico no turno diurno e noturno, registra-se que, durante o período diurno, apenas três médicos estão disponíveis, enquanto no turno noturno, essa disponibilidade se reduz a dois profissionais de saúde.
O Sindicato destaca que a média histórica de pacientes internados nas dependências do hospital era de 23 indivíduos. Contudo, em decorrência do recente redimensionamento dos leitos hospitalares, a unidade almeja ampliar sua capacidade de acolhimento, alçando a meta de 45 leitos, sem que haja, concomitantemente, um aumento proporcional na equipe médica e de enfermagem disponível. Tal cenário impõe desafios substanciais à qualidade da assistência prestada, considerando que a capacidade operacional é claramente superada pelas necessidades clínicas dos pacientes.
“Existe uma lacuna na escala médica do Hospital Nossa Senhora da Conceição que tem gerado inegáveis implicações para a continuidade do atendimento médico adequado e seguro”, afirma Dr. Leonardo Alcântara, Presidente do Sindicato dos Médicos.
Além disso, observa-se com preocupação a ocorrência de regulações médicas efetuadas sem a consulta e participação dos profissionais médicos da unidade, notadamente sob a supervisão do diretor do hospital. Pacientes são admitidos sem a devida avaliação e ciência dos médicos plantonistas, o que compromete a autonomia e a qualidade do atendimento.
A situação é agravada pela permanência de pacientes na unidade com perfis clínicos incompatíveis com a natureza de atendimento da emergência, que possui perfil secundário. A admissão de pacientes com perfil de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e perfil ICC, desprovidos da estrutura adequada para o tratamento dessas condições, expõe os pacientes a riscos desnecessários e sobrecarrega os médicos da unidade.
A entidade destaca ainda que a gestão hospitalar impõe cursos de capacitação aos funcionários fora do horário de trabalho, em vez de incorporá-los durante a carga horária dos profissionais. O Sindicato reforça que os profissionais da saúde precisam de tempo adequado para descansar e manter um equilíbrio entre vida profissional e pessoal. Cursos fora do horário de trabalho invadem esse tempo, prejudicando a saúde mental e o bem-estar dos funcionários.
O Sindicato dos Médicos do Ceará, em defesa dos interesses dos profissionais da medicina e da qualidade da assistência prestada à comunidade, solicita uma imediata avaliação da situação relatada e a adoção de providências urgentes com o propósito de restabelecer o equilíbrio e a excelência no atendimento médico oferecido pelo Hospital Nossa Senhora da Conceição, bem como a reabertura da Emergência.
A entidade também se coloca à disposição para prestar quaisquer esclarecimentos adicionais e cooperar na busca de soluções para os desafios aqui descritos.
Foto: SPDM
Fonte: Comunicação do Sindicato dos Médicos do Ceará