O Sindicato dos Médicos do Ceará esteve, na manhã desta quarta-feira (08), presente na audiência pública, realizada no auditório da Câmara Municipal de Fortaleza, para discutir sobre o fechamento do Hospital Distrital Gonzaguinha de Messejana. A audiência foi solicitada pela Comissão da Saúde após sindicatos da saúde levarem a informação de que a unidade será totalmente fechada para uma grande reforma a partir de 1º de julho.
A audiência pública foi presidida pelo vereador Danilo Lopes, com participação dos vereadores Adriana Nossa Cara, Ronivaldo Maia, Larissa Gaspar, Renan Colares, Sargento Reginaldo e Guilherme Sampaio. Funcionários, servidores do Gonzaguinha, bem como os moradores de Messejana também compareceram à reunião.
A coordenadora de Redes Hospitalar Pré-Hospitalar e Hospitalar, Luziete Furtado da Cruz, representando a Secretaria Municipal da Saúde de Fortaleza (SMS), não citou um motivo plausível que originou a possibilidade de demolição do prédio, limitou-se a dizer que o Gonzaguinha de Messejana está com estrutura precária, com paredes dando choque, e que os serviços e profissionais, assim como as escalas de plantões, serão realocados, prioritariamente, para o Gonzaguinha de José Walter, com entrega prevista para julho.
O gerente de infraestrutura da SMS, Daniel Lima, reforçou que o Gonzaguinha passa por problemas elétricos desde 2021, agravados pelo mofo, e afirmou que revestimento e manutenção não são suficientes, sendo necessária uma grande intervenção. Ele também informou que o projeto vai dobrar a área construída para cerca de 6 mil m² para que o hospital se adeque às normas e exigências atuais .
Na oportunidade, Dr. Edmar Fernandes, diretor licenciado do Sindicato dos Médicos do Ceará, lembrou as recentes reformas que o Gonzaguinha passou nos últimos dois anos, como acréscimo de 29 leitos para puérperas e recém-nascidos; construção da Casa da Gestante e do Novo Centro de Parto Humanizado, inaugurados no final de 2020 – ambos aparelhos encontram-se fechados; construção da casa do gerador finalizada há três semanas; troca de fiação elétrica; e novo estacionamento. “Não há argumento para demolir um hospital”, reiterou.
Os servidores presentes na audiência reclamaram da distância entre o Gonzaguinha de Messejana e do José Walter, distantes 12 quilômetros, e indagaram como ficariam a locomoção das gestantes, principalmente as que vivem em situação de vulnerabilidade.
O médico Jader Carvalho, presidente da Associação Cearense de Ginecologia e Obstetrícia, também se posicionou contra o fechamento da unidade, levantando preocupação quanto aos atendimentos obstétricos, referência na região da grande Messejana.
Vereadores
A vereadora Adriana Nossa Cara mostrou-se descontente com a falta de apresentação de laudos por parte da SMS. “Esperava um estudo técnico da SMS e não houve apresentação nenhuma”, disse. O vereador Ronivaldo Maia deu razão ao movimento contra o fechamento do Gonzaguinha, e disse que a comunidade não pode ficar sem a assistência, principalmente dos serviços de obstetrícia. “Nosso dever, como vereadores, é ouvir esse reclame e ir para cima do prefeito Sarto, que é médico, exigir o funcionamento dos atendimentos, paralelo a reforma”, afirmou.
O vereador Guilherme Sampaio sugeriu que a decisão de reforma fosse suspensa até que haja um diálogo entre a gestão, usuários e profissionais da saúde. O vereador Renan Colares propôs que a reforma acontecesse somente após entrega do Frotinha de Messejana para não deixar a população sem atendimento.
Encaminhamentos
No final da audiência, os representantes da SMS solicitaram a criação de uma comissão entre comunidade e representantes das entidades sindicais para dialogar com a SMS sobre o processo de reforma e de transição dos servidores. De acordo com a coordenadora de Redes Hospitalar Pré-Hospitalar e Hospitalar, todos os questionamentos levantados na audiência serão repassados para a SMS tomar conhecimento e analisar as possibilidades.
Também foi definido que a comissão irá definir uma data para reunião com a Comissão da Saúde e a Mesa Permanente do SUS. O objetivo é levar a problemática para conhecimento do SUS.
O Sindicato dos Médicos do Ceará reitera seu compromisso com a categoria e afirma que tomará todas as medidas cabíveis para resguardar os direitos dos médicos.
Fonte: Comunicação do Sindicato dos Médicos do Ceará