Na manhã desta sexta-feira (23), o Sindicato dos Médicos do Ceará promoveu um abraço comunitário na Santa Casa da Misericórdia de Fortaleza. O ato, que reuniu médicos, sociedade e profissionais de diversas categorias, teve o objetivo de alertar e sensibilizar acerca da grave crise financeira que vem sendo enfrentada pelo hospital filantrópico nos últimos anos.
Os recursos para manutenção da Santa Casa são provenientes, em sua maioria, de repasses municipais, estaduais e federais, como também de doações. No entanto, os valores estão defasados e insuficientes para garantir a estabilidade operacional do hospital.
A falta de recursos está gerando suspensão de cirurgias, atrasos de pagamentos dos profissionais, redução nos procedimentos e paralisação das atividades de diversas categorias de forma recorrente.
Conforme o Dr. Gleydson Borges, diretor jurídico do Sindicato dos Médicos e diretor técnico da Santa Casa, as cirurgias foram reduzidas de 50 para cerca de cinco a 12 por dia. “Estamos passando por uma situação muito inusitada, onde uma crise está alastrando todo o funcionamento da Santa Casa, prejudicando o atendimento de vários pacientes. A gente aguarda a sensibilidade de todos os gestores políticos, em todas as esferas, para ajudarem a Santa Casa voltar a ajudar a população”, disse.
O delegado sindical do Sindicato dos Médicos, Dr. Levi Carioca, também reforçou a necessidade de atenção ao hospital por parte dos gestores. “Houve uma redução de mais de 90% dos procedimentos realizados nesta entidade, há leitos vagos, enquanto outros hospitais estão lotados. Estamos aqui para sensibilizar nossos representantes e nossa população para que tenham um olhar especial para este hospital que precisa de ajuda”, ressalta.
Dr. José Otho Leal, médico referência no Estado com mais de 60 anos de profissão, também lamentou a situação em que se encontra a Santa Casa e reforçou o apelo para que a instituição não seja fechada por falta de recursos.
“Estamos reunidos com vários colegas para minimizar a situação da Santa Casa, que é extremamente caótica e inaceitável, um hospital que atende a população mais pobre e mais vulnerável desse Estado, são pacientes que vivem na rua, com fome, com doenças que podem ser reversíveis, porém não temos apoio de governadores e praticamente de ninguém”, afirma.
Atrasos de pagamentos
O médico Dr. Fernando Malinverno, do Time de Resposta Rápida (TRR), também esteve presente no ato em apoio à Santa Casa. Os médicos do TRR estão com as atividades paralisadas parcialmente devido à ausência de pagamento referente ao mês de julho. Desde o início do ano, os profissionais vêm suspendendo os serviços de forma recorrente por não estarem recebendo os pagamentos corretamente.
“Nosso trabalho é essencial para o hospital, uma vez que reduz a taxa de mortalidade dos pacientes internados e prevê que a gente consiga uma taxa de admissão otimizada, para que o paciente já seja acolhido pela equipe médica. Devido aos problemas da crise atual, isso tem prejudicado nosso trabalho, especialmente pela falta de pagamentos e, agora, pela falta de contingente”, explica o médico.
Apoio
Em nota enviada ao Sindicato dos Médicos nesta sexta, o provedor da Santa Casa, Vladimir Spinelli, agradeceu a iniciativa da entidade. “Esse abraço coletivo, carinhoso e espontâneo, proporcionado por uma iniciativa do Sindicato dos Médicos, é emblemático e reforça a certeza de que estamos todos em uma boa causa, porque lutamos não por uma instituição, mas pelo que ela representa para a população mais carente”, disse o provedor.
O Sindicato dos Médicos do Ceará reafirma seu compromisso com a categoria e reitera que continua à disposição dos gestores para auxiliar em estratégias que visem a garantia de recursos para este importante hospital que é a Santa Casa.
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Fonte: Comunicação do Sindicato dos Médicos do Ceará