Durante Assembleia Geral Extraordinária (AGE), realizada no Sindicato dos Médicos do Ceará nesta terça-feira (26), os médicos residentes que atuam na Santa Casa da Misericórdia de Fortalezam deliberaram pela não realização de paralisação dos atendimentos.
A decisão ocorreu em virtude da efetivação do repasse das bolsas que estavam em atraso. Na AGE, os profissionais relataram ainda a deficiência dos serviços na unidade de saúde e no setor de cirurgias.
Diante da situação de recorrência dos atrasos, os profissionais deliberaram, ainda em Assembleia que, caso não ocorra o próximo pagamento dentro do prazo estipulado, no 5º dia útil de janeiro, a entidade irá notificar a Santa Casa da Misericórdia de Fortaleza informando sobre uma nova paralisação após 72h.
“Nós temos acompanhado de perto a situação dos médicos que atuam na Santa Casa de Fortaleza, que está passando por sérias dificuldades financeiras diante da defasagem dos valores da tabela SUS, além dos atrasos nos repasses de verbas públicas. É uma realidade difícil, mas que estamos atuando de forma firme para que os profissionais recebam seus salários e a população não fique desassistida”, afirma Dr. Leonardo Alcântara, presidente do Sindicato dos Médicos.
Santa Casa divulga carta aberta
O provedor da Santa Casa, Vladimir Spinelli Chagas, encaminhou a entidade uma “carta aberta” dirigida aos fornecedores, colaboradores, associações e demais sindicatos onde detalha as medidas que estão sendo tomadas diante da situação da instituição.
Segundo o provedor, com relação ao problema do subfinanciamento da Tabela SUS, não houve nenhum avanço, mas está sendo preparado um documento em que serão detalhados os custos da Santa Casa com o atendimento a procedimentos de pequena ou média complexidade, que geram déficits que serão incorporados às dívidas já elevadas.
Já com relação as transferências municipais feitas com atrasos, Vladimir Spinelli afirma que a situação melhorou, mas que ainda não permite um melhor controle do fluxo de caixa.
O provedor relata também que o agravamento das dívidas tem provocado paralisações mais acentuadas, o que reduz a prestação dos serviços normais. O número de cirurgias, que já haviam sido afetadas no primeiro semestre do ano, caiu de 3.230 para 1.197 no segundo semestre.
Com relação a emenda parlamentar aprovada nesse mês na Assembleia Legislativa do Ceará (Alece), no montante de R$ 16 milhões, o provedor informou que, por questões de orçamento, R$ 14 milhões desses recursos serão transferidos apenas em 2024, ao ser reaberto o sistema de pagamentos do Governo, o que irá impactar negativamente o planejamento para redução dos débitos atuais.
O Sindicato dos Médicos do Ceará se coloca à disposição da Santa Casa da Misericórdia de Fortaleza e reitera que seguirá acompanhando, bem como tomando todas as providências cabíveis para que não haja prejuízos aos médicos e à população.
Fonte: Comunicação do Sindicato dos Médicos do Ceará